Papa apresenta "roteiro" em oito passos
para a Igreja Católica, no combate aos abusos sexuais
«Nenhum abuso deve jamais ser encoberto», diz Francisco. É necessário colaborar com a justiça e promover o "caminho da purificação na Igreja Católica, sem "alibis".
O Papa Francisco apresentou um 'roteiro', em oito passos, para orientar o combate aos abusos sexuais na Igreja Católica, após uma cimeira global de quatro dias com responsáveis de episcopados e institutos religiosos. "Nenhum abuso deve jamais ser encoberto (como era habitual no passado) e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do mal e eleva o nível do escândalo", referiu no domingo, 25, no discurso conclusivo do evento, após a Missa celebrada na sala régia do Palácio apostólico.
O Papa falava perante os 190 participantes no final encontro sobre proteção de menores, que decorreu desta quinta-feira, no Vaticano, reunindo presidentes de Conferências Episcopais e chefes de Igrejas Orientais, superiores gerais de institutos religiosos, membros da Cúria Romana e do Conselho de Cardeais.
Francisco citou as 'Boas Práticas' formuladas, sob orientação da Organização Mundial da Saúde, para acabar com a violência contra as crianças, e do recente percurso legislativo da Igreja Católica.
Em primeiro lugar, sublinhou, está a "defesa das crianças", mudando a atitude "defensivo-reativa de salvaguardar a Instituição".
O pontífice afirmou que é necessário colaborar com a justiça e promover o "caminho da purificação na Igreja Católica, sem "alibis".
O elenco de prioridades destaca a importância de ser exigente na "seleção e formação dos candidatos ao sacerdócio", englobando a "virtude da castidade". O Papa apelou à unidade dos Bispos na aplicação de protocolos com "valor de normas e não de orientações", com preocupação na prevenção dos abusos e no acompanhamento das vítimas, "oferecendo-lhes todo o apoio necessário".
O discurso apontou os desafios levantados pelo mundo digital, com "novas formas de abuso sexual e de abusos de todo o género", bem como um "acesso descontrolado à pornografia".
"Quero aqui encorajar os países e as autoridades a aplicarem todas as medidas necessárias para limitar os sites que ameaçam a dignidade do homem, da mulher e, em particular, dos menores: o crime não goza do direito à liberdade", disse.
O Papa Francisco determinou que o crime de aquisição, detenção ou divulgação de imagens pornográficas com menores de idade, inserido em 2010 entre os "delitos mais graves" para os membros do clero, no Direito Canónico, deixe de fazer referência a "menores de 14 anos", para "insistir na gravidade destes factos".
O último ponto abordado é o problema do turismo sexual, com preocupação pela reinserção das vítimas e o combate ao tráfico e exploração económica das crianças.
A inédita cimeira convocada pelo Papa contou com testemunhos de vítimas, relatórios e reflexões de bispos e religiosos dos cinco continentes, bem como de uma vaticanista mexicana, sobre a comunicação nestes casos.
Ecclesia
Nota: Publicado no "Correio do Vouga"
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