sexta-feira, 29 de setembro de 2017

A propósito do falecimento de D. Manuel Martins

Na catedral, no bairro ou na fábrica


O báculo ou a mitra têm tanto lugar na catedral como no bairro, na fábrica, junto de quem passa fome ou está desempregado. Era a certeza de D. Manuel Martins, tantas vezes repetida e sobretudo vivida. Não como visitante, mas como residente. 
De facto, o primeiro bispo de Setúbal não passava e andava junto dos pobres, das famílias sem trabalho e da fome que marcou os anos 70 e 80 na Península de Setúbal. Esses eram os ambientes para ser bispo, para percorrer com o báculo do pastor e para denunciar pela força da palavra, que deram cor ao perfil de um bispo.
O falecimento de D. Manuel Martins não exige apenas homenagens e evocações do passado. É necessário recordar o seu trabalho nos fundamentos de uma diocese, as suas presenças em todos os contextos dos seus diocesanos e a sua capacidade de cuidar de todos e a todas as horas. 
A despedida do primeiro bispo de Setúbal foi digna! Mas notaram-se muitas ausências: os que de perto conviveram com D. Manuel Martins, sobretudo os seus diocesanos, nomeadamente o clero, lá estavam, carregando-o até ao túmulo e mostrando que, neste tempo, é necessário continuar a sua missão na Península de Setúbal; as lideranças da sociedade não se notaram. E tanto teriam a agradecer a um homem que transformou uma região e tanto contribuiu para a construção da democracia! Ficam as memórias e sobretudo os exemplos.
Obrigado D. Manuel Martins! 

Paulo Rocha

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