Nesta quadra natalícia refletimos com o Papa Francisco sobre o presépio. No livro que escreveu, evoca os 800 anos da primeira representação dos vários personagens do Natal e do nascimento de Jesus, iniciada em 1283 por São Francisco de Assis. O Papa destaca que “o mistério cristão gosta de se esconder no que é infinitamente pequeno. A encarnação de Jesus Cristo continua a ser o coração da revelação de Deus”, indica, apontando a pequenez como “o caminho para encontrar Deus”. Salvaguardar o espírito do presépio torna-se uma imersão saudável na presença de Deus, manifestada nas pequenas coisas quotidianas, às vezes banais e repetitivas. Saber renunciar ao que seduz, mas leva ao caminho mau, a fim de compreender e escolher os caminhos de Deus é a tarefa que nos espera”.
O papa Francisco refere os pastores como aqueles que acolhem a surpresa de Deus e vivem o seu encontro com Ele com admiração, adorando-O. As estrelas que acompanham o nascimento de Jesus, em particular “aquela que levou os Magos a deixar as suas casas e iniciar uma viagem, um caminho que eles não sabiam onde os levaria”. “Encontramos outro sinal poderoso: a pequenez de Deus. Os anjos indicam aos pastores uma criança nascida numa manjedoura. Não é um sinal de poder, autossuficiência ou orgulho. Não. O Deus eterno aniquila- -se num ser humano indefeso, manso e humilde”. O convite é que olhemos para o presépio com “espanto e admiração. Não importa como ele é construído; ele pode ser sempre o mesmo ou mudar a cada ano; o que importa é que ele fale à vida”.
O livro cita o primeiro biógrafo de são Francisco que descreve desta forma a noite de Natal de 1223: “Quando São Francisco chegou encontrou o presépio com feno, o boi e o burro. As pessoas que ali se haviam reunido manifestaram uma alegria indescritível, nunca experimentada, com a cena do Natal”. Diz-nos o Papa: “Tenho a certeza de que o primeiro presépio, que realizou uma grande obra de evangelização, também pode ser hoje uma ocasião para despertar admiração e espanto. Assim, o que São Francisco começou com a simplicidade daquele sinal, persiste até hoje como uma forma genuína da beleza da nossa fé”. Sobre o significado e valor do presépio, o Papa diz que “armar o presépio nas nossas casas ajuda-nos a reviver a história sucedida em Belém. Nascendo no presépio, o próprio Deus dá início à única verdadeira revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura. Do presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos, como estrada, para um mundo mais humano e fraterno onde ninguém seja excluído e marginalizado”.
Faço votos que o Menino que vai nascer faça despertar nos nossos corações dinamismos de partilha de reconciliação e paz neste mundo dilacerado pelos ódios, violências e guerras. Que o Menino Deus faça de nós artesãos da paz.
P.e César Fernandes
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