A solenidade que recorda o nascimento de Jesus Cristo, Deus feito homem para dar sentido à vida e salvar a humanidade, aproxima-se.
O Natal vem ensinar-nos que é necessário escutar e acolher o projeto que Jesus veio apresentar e fazer dele a nossa referência. Os valores que precisamos manter, para celebrarmos um Natal cristão, vão além do clima de preparação exterior. Os acontecimentos do nascimento do Messias estão envolvidos num clima de simplicidade, de pobreza, de humildade e de confiança em Deus, realidade que contrasta com o que vemos, tantas vezes, à nossa volta. O grito de dor dos mais carenciados, sufocados pela indiferença de uma sociedade materialista e muitas vezes injusta, ocupada e distraída, tem de ser escutado. Nos pobres, a comunidade cristã encontra o rosto e a carne de Cristo, que sendo rico fez-se pobre por nossa causa, para que, pela sua pobreza, nos tornássemos ricos (cf. 2Cor 8,9). A ação concreta nos campos da educação, da saúde e da assistência social é uma realidade que não se pode descurar. E, num tempo em que aumenta o número de migrantes e refugiados, e diminui a disponibilidade para os acolher, é oportuno o compromisso decidido na educação à cultura do diálogo e do encontro, combatendo o racismo e a xenofobia e comprometer-se em projetos de integração.
Naquele Menino deitado na manjedoura, Deus mostra a sua glória – a glória do amor. Nele contemplamos um Deus que vem até nós na humildade de um pequenino pobre e indefeso, que assume a nossa condição humana. Nele se manifestam a firmeza e a alegria dos laços familiares e humanos. Em José e Maria vemos o exemplo daqueles que vivem conforme a vontade de Deus. Diante do Presépio, os pais podem aprender a amar como José e Maria, e os filhos podem aprender com o Deus Menino a beleza e o valor da honra e obediência aos pais, e a virtude do trabalho. Lembrando as famílias de acolhimento, aquando da Jornada Mundial da Juventude, e o bom acolhimento que deram aos peregrinos, exorto todas as famílias a abrigarem Jesus no seu coração e a continuarem a acolher os que diariamente esperam abrigo. E a vós, jovens, peço-vos que não deixeis apagar o dinamismo que vos fez peregrinar, que deixeis Jesus entrar na vossa vida e lanceis sementes de esperança no coração de outros jovens, para que Deus seja tudo em todos.
O Papa Francisco na sua recente Carta Apostólica “Admirável Sinal”, a propósito dos 800 anos do presépio de S. Francisco de Assis, diz-nos que é «urgente apoiar a tradição de preparar o Presépio das nossas famílias, nos dias que antecedem o Natal, e também o costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças…»
O Natal tem, sobretudo, um sabor de esperança, porque, apesar das trevas, resplandece a luz de Deus. Mais do que a luz que ilumina as ruas, precisamos da luz da esperança. O menino nascido em Belém recorda-nos que a esperança é uma semente que dará frutos se formos perseverantes em construir os valores que nascem do Presépio. Tal como afirma Carta do Santo Padre, o Presépio «faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé. A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está connosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino Filho de Deus e da Virgem Maria.»
O Ano Jubilar que estamos a viver convida-nos a preparar o coração para a vinda do Emanuel. Que seja uma festa da alegria, de acolher o Deus Menino no presépio e no coração, invocando para a nossa diocese de Aveiro, e para o mundo, o dom da paz na justiça.
Feliz, santo e abençoado Natal!
† António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro
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