Notas do meu Diário
Fui educado desde menino para olhar a Quaresma como tempo de espera serena, de confiança absoluta na alegria que da Ressurreição nos vinha para nosso conforto espiritual. Era o tempo das confissões em massa, das orações pelas almas do purgatório, cantadas de porta em porta, com recolha de dádivas para mandar celebrar missas. Tempo sem festas populares e de maior atenção aos que sofriam no corpo e na alma. Também tempo dos folares feitos no fim de semana que antecedia o domingo de Páscoa. Folares para a família e para os afilhados de quem os tinha. Tantos ovos quantos os aniversários. É certo que em determinada altura não havia espaço para tanto ovo, mas também é verdade que há uns 70 anos se casava mais cedo. Os folares eram feitos com algumas liturgias e orações na hora de entrarem no forno. E depois de feitos, ficavam na gamela onde era feita a massa, cobertos por uma tolha. Comê-los, só no dia de Páscoa. Ao saírem do forno, lá vinha uma pequena prova de um folarinho feito do resto da massa que não chegou para mais um folar. Um bocadinho para cada um.
F. M.
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