quarta-feira, 31 de julho de 2019

FÉRIAS – Contemplação para o equilíbrio espiritual

A imensidão do mar
"Procuremos esses momentos e esses espaços 
fazendo silêncio interior para contemplar a natureza, 
a imensidão do mar, as flores do jardim, 
o rosto daquele que está ao meu lado 
e teremos umas férias mais felizes."

Ao refletir sobre o conteúdo para uma breve mensagem de férias a enviar aos paroquianos da Gafanha da Nazaré, o meu pensamento é conduzido até à passagem bíblica das duas irmãs, Marta e Maria, que vivem em Betânia com o seu irmão Lázaro. Cristo era hóspede habitual desta família amiga onde repousava das canseiras da evangelização. Marta afadiga-se para dar conta do serviço, enquanto Maria está sentada aos pés do Senhor escutando a Sua Palavra. Perante a impaciência de Marta, o Senhor diz-lhe carinhosamente: Marta, estás inquieta e nervosa com muitas coisas; só uma é necessária e Maria escolheu a melhor parte. 
O Senhor, não desqualificando o trabalho de Marta, adverte-a do perigo da ansiedade e realça a oportunidade que a sua irmã Maria soube aproveitar: a escuta da Palavra de Deus. A intenção de Jesus não é colocar uma disjuntiva entre a ação de Marta e a contemplação de Maria. Não há oposição entre trabalho e contemplação; antes se completam; são as duas faces de uma mesma moeda; não pode estar uma sem a outra. Diz-se até que há duas maneiras de orar: com os olhos fechados e as mãos juntas (contemplação), ou com os olhos abertos e as mãos ocupadas (ação). É a fórmula síntese que S. Bento propôs aos seus monges (séc. VI): “ora et labora”, oração e trabalho. 
Iniciado mais um tempo de Verão, com as respetivas férias, depois de um ano de trabalho, com as preocupações da família, do presente e do futuro, a vida moderna e o seu ritmo vertiginoso, os problemas e as frustrações que a vida acarreta, cada um de nós sente necessidade de momentos e espaços de silêncio e contemplação para equilibrarmos o espírito, para revigorarmos a vida interior, para uma comunicação diferente, saudável e comprometida com os outros e com Deus. Procuremos esses momentos e esses espaços fazendo silêncio interior para contemplar a natureza, a imensidão do mar, as flores do jardim, o rosto daquele que está ao meu lado e teremos umas férias mais felizes.

Pe. César Fernandes
Pároco da Gafanha da Nazaré

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