quinta-feira, 29 de março de 2018

A dimensão humana deve estar muito presente na nossa vida

Bispo de Aveiro na Missa Crismal 

Na Missa Crismal que hoje se celebrou na sé de Aveiro, pelas 10 horas, sob a presidência do nosso bispo, D. António Moiteiro, participaram presbíteros, diáconos permanentes e leigos, todos imbuídos do espírito próprio da Semana Santa, com a Páscoa da Ressurreição nos horizontes de cada cristão, garantidamente a nível mundial. Haverá exceções apenas nos países ditatoriais, onde os cultos são proibidos e os crentes perseguidos. E mesmo neste caso, a fé dos cristãos jamais se extinguirá e a Semana Santa será vivenciada no coração de cada um
.

À homilia, o nosso bispo respondeu à questão que a si próprio e a todos os presentes colocou:  "Onde buscar forças para sermos sal que dê sabor e luz que ilumine tantos dos nossos irmãos que andam afastados do projeto que Deus tem para a humanidade?" 
E disse:

"Olhando para a nossa vida de sacerdotes e diáconos (o mesmo se diga dos consagrados) quero refletir convosco e destacar algumas dimensões que nos podem ajudar na nossa vida de pastores ao serviço do povo de Deus (cf. Ratio fundamentalis – Dimensões da formação, V).
A dimensão humana deve estar muito presente na nossa vida e na relação com os nossos irmãos. Só assim será possível sermos sacerdotes de trato amável, autênticos, leais, interiormente livres, afetivamente estáveis, capazes de nos dedicarmos aos outros com a alegria de sermos amados por Deus.
A segunda dimensão é a da espiritualidade, a qual nunca se pode dar por adquirida. A consciência da nossa identidade presbiteral não se mede por aquilo que fazemos, nem pelo modo como organizamos a vida das nossas paróquias, mas sim em sermos discípulos verdadeiramente enamorados do Senhor, cuja vida e ministério se fundam na íntima relação com Deus e na configuração a Cristo, o Bom Pastor. Na companhia de Jesus, os discípulos foram aprendendo algo mais que uns ensinamentos; foram adquirindo um estilo de vida e, a pouco a pouco, foram participando da sua missão. Só depois de amadurecida a resposta e de fazer parte da sua nova família, assumindo as mesmas atitudes e o mesmo estilo de vida, podem os discípulos ser enviados a proclamar eficazmente a boa nova que Jesus anuncia, para que a vida de Deus se manifeste na vida do mundo.
Para o cristão há apenas um caminho para encontrar o que agrada a Deus – o do discernimento – discernimento este que depende da pessoa e da abertura da sua consciência ao Espírito: «E é isto o que eu peço, que o vosso amor cresça cada vez mais em conhecimento e sensibilidade, a fim de poderdes discernir o que mais convém» (Fl 1,9-10). Discernir não é defender a própria maneira de pensar, a própria iniciativa e a própria independência, mas renunciar ao saber que procede do mundo, para encontrar o saber que procede de Deus. É necessário, portanto, abrir o coração às sugestões interiores do Espírito, que convida a ler em profundidade os desígnios da Providência. O discernimento é essencial para a maturidade e o crescimento espiritual. O processo passa por escutar e aprender a reconhecer a ‘voz de Deus’ dentro de nós próprios. Diz-nos a experiência que quando a Igreja não responde satisfatoriamente aos anseios espirituais e existenciais do mundo na sua realidade histórica concreta, o mundo cria respostas e caminhos que procuram satisfazer as necessidades e angústias existenciais."

Toda a homilia pode ser lida e meditada  a partir daqui

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