domingo, 3 de setembro de 2017

Georgino Rocha — MISERICÓRDIA FAZ-SE VISITA


REVISITAR O SANTUÁRIO. 
REVER OS CRITÉRIOS DA CONSCIÊNCIA

Para ser proveitosa, a visita ao santuário da consciência precisa de um guia sábio e prudente, que se deixe iluminar pelo são humanismo e pelo Evangelho de Jesus, e disponha de critérios pautados pela lucidez e pelo bom senso. Há muitos felizmente. Mas nem sempre acessíveis e atraentes.
O discernimento exige que a consciência seja periodicamente revisitada com amor à verdade que liberta. Pode assim ir crescendo para a maturidade desejada. Ajuda neste exercício – como as sandálias a Moisés quando caminhava para ver “a sarça ardente” (Ex 3, 5) – recorrer a um guia, tipo de GPS: o acompanhamento espiritual ou “direcção” e o chamado exame de consciência. São meios habitualmente indispensáveis. O Papa Francisco insiste nesta necessidade e oferece frequentemente pistas acessíveis. Sirva de exemplo o livrinho que fez distribuir na Praça de São Pedro na Quaresma de 2015.
Também deixo aqui, em género de testemunho, o método normal que uso nesta peregrinação ao meu santuário mais íntimo e delicado. Procuro tomar consciência de que estou na presença de Deus e peço-Lhe a graça de me iluminar. Percorro o dia ou a semana, vendo com a atenção possível o que correu bem ou mal ou assim-assim. Faço, quase sempre, este percurso: em relação a mim mesmo – que sou uma espécie de caixa-de-ressonância das outras dimensões; na relação com os outros e com os bens; e, de modo especial, com Deus que, embora presente nas dimensões anteriores, é para mim fonte original de toda a moralidade.
Depois, pergunto-me: porque fiz ou que interferência tive no que ocorreu e que consequências podem surgir? Procuro acautelar o evoluir da situação e, sendo necessário e possível, encaminhar a rota ou mesmo tomar emenda. E ainda: que apoios encontro para caminhar confiante nas sendas da vida? Finalmente, pelo que aconteceu de bem, louvo o Senhor; pelo que ficou aquém ou mesmo constitui desvio/falta/pecado peço perdão e rezo o acto de contrição. E, confiante, entrego-me à misericórdia de Deus e peço a bênção maternal de Maria para as novas ousadias que me esperam.


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