O Tempo Pascal começa na Vigília Pascal e prolonga-se durante sete semanas, até à vinda do Espírito Santo no Domingo de Pentecostes. É um tempo litúrgico de imensa força e significado e é a festa mais importante para os cristãos. Vejamos o que diz o apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé”. Este é o momento excelente para darmos novo vigor à nossa fé, fazendo-a mais forte que a do apóstolo Tomé. É o momento de viver perto de Deus e ser canal de paz neste nosso mundo dilacerado por conflitos de toda a ordem. Só experimentando a ressurreição de Cristo conseguimos dar um testemunho de paz ao mundo porque ninguém pode dar aquilo que não tem e que não vive. Aliás, o Papa Francisco não se cansa de pedir que toda a Igreja viva uma experiência concreta de paz. De nada adianta Cristo ter ressuscitado se continuamos com raivas, ajustes de contas, mexericos, juízos apressados para com o nosso próximo. Testemunhar a paz deve ser a nossa meta neste tempo.
O Tempo Pascal deverá renovar em nós a confiança de que a Vida pode mais que a morte, de que a Vida é a última palavra e a palavra definitiva de Deus para toda a criação e, especialmente, para o género humano criado à Sua imagem, feito à Sua semelhança. Esse vigor trazido pela Páscoa, celebrado e experimentado, não pode circunscrever-se à dimensão estritamente eclesial, mas deverá transpor as paredes dos templos, as escadarias das igrejas, os muros dos pátios eclesiais, para vicejar em todas as dimensões da vida.
A renovação trazida pelo ressuscitado deve provocar em nós o anseio pela construção de novos tempos, nova realidade, nova vida… A vida foi a grande bandeira defendida por Jesus. Ele foi o homem da compaixão infinita, mas também da crítica mordaz a tudo o que não se conformava com a verdadeira vida como sendo o exercício da política que mata, o apego ao poder, o desejo de manipular, tiranizar e explorar os débeis e os que não têm voz: “aquele que quiser ser grande, seja o vosso servo e aquele que quiser ser o primeiro, seja o servo de todos”.
Vivemos momentos críticos na realidade mundial: os conflitos armados, os milhares de migrantes em busca de vida melhor ou para salvarem a sua própria vida, a corrupção nos vários segmentos da sociedade…. A Páscoa do Senhor terá de iluminar estas realidades temporais. A Páscoa chama-nos a servir. A luz de Cristo ressuscitado deve ajudar- -nos a ver quais os melhores caminhos a seguir e as melhores escolhas a fazer. Se olharmos para a Páscoa somente como um evento passado nos anos trinta da era cristã, sem a atualizar, é sinal de que não entendemos nada do que aquela vida de Cristo ressuscitado significou para a história da humanidade. A vitória de Jesus sobre a morte deve encorajar-nos a vencer todas as forças da morte que teimam em dominar a história.
P.e César Fernandes
Prior da Gafanha da Nazaré
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