Padre César Fernandes |
A Quaresma é o tempo propício para iniciar um novo começo e peregrinar por uma estrada que nos leva a um destino seguro – a Ressurreição do Senhor. O cristão não pode contentar-se com uma vida medíocre, mas como referiu o Papa na JMJ, “o cristão deve caminhar sempre. Se cair, levantar-se ou deixar que me ajudem a levantar, não ficar caído, mas treinar-me, treinar-me no caminho. E tudo isto é possível. Não é por fazermos cursos sobre o caminho porque não há nenhum curso que nos ensine a andar na vida. Isto aprende-se. Aprendemos com os pais, com os avós, com os amigos a dar as mãos uns aos outros. Jovens, deixo-vos esta ideia: caminhem e se caírem levantem-se”. Ao longo do caminho podemos tropeçar nos obstáculos, cair e desanimar. Jesus, porém, dá-nos a força para nos erguermos, para não desistirmos do caminho. Dá-nos resiliência para contornarmos as pedras que se atravessam no nosso caminho. Diz ainda o Papa Francisco que “a Quaresma significa olhar para dentro de nós mesmos e tomar consciência daquilo que somos realmente, tirando as máscaras que muitas vezes utilizamos, diminuindo a corrida do nosso frenesim, abraçando a verdade de nós mesmos.
A Quaresma mergulha-nos num banho de purificação e despojamento; ajuda-nos a retirar toda a maquilhagem, de tudo aquilo de que nos revestimos para brilhar, para aparecer melhores do que somos. Voltar ao coração significa tornar ao nosso verdadeiro eu e apresentá-lo diante de Deus tal como é, nu e sem disfarces”.
A Quaresma lança-nos apelos ao jejum, à oração e à partilha, isto é, ao amor e atenção aos irmãos que nos rodeiam, vivendo a compaixão, usando de misericórdia e partilhando aquilo que temos e somos com quem passa necessidade. As práticas tradicionais da Quaresma como a oração e o jejum devem ultrapassar a exterioridade e a superficialidade, dando espaço à oração feita de adoração silenciosa, voltando para Deus de todo o coração. O valor do jejum deve levar- nos à privação dos bens mundanos, optando por um bem maior; pela oração devemos intensificar a nossa intimidade com Deus e a caridade (amor fraterno) deve conduzir-nos à partilha com o próximo. Só abandonando tudo aquilo que são as folhas secas da mentira e da falsidade, das aparências e da hipocrisia é que estamos a construir “o homem novo” e a abandonar o “homem velho”.
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Desejo que todos os paroquianos da Gafanha da Nazaré, como comunidade cristã, façam este grande retiro quaresmal do povo de Deus, deixando que o Criador fale diretamente às suas criaturas.
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