quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Nossa Senhora dos Navegantes, das Areias e do Ar





Cumpriu-se a tradição, não muito antiga, com poucas décadas de existência, e a procissão com a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes lá partiu do Cais dos Bacalhoeiros (saída inicial da capela de S. Pedro, na Cale da Vila), foi a S. Jacinto, chegou ao Farol da Barra e voltou para a capela no Forte da Barra, na Gafanha da Nazaré. Dezenas de embarcações, talvez mais de uma centena, integraram o cortejo marítimo que no terceiro domingo de setembro, desta vez no dia 17, deu mais colorido e festa à Ria da Aveiro. Presidiu à procissão, que é organizada pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, com a colaboração da paróquia, dos poderes locais e do Porto da Aveiro, o P.e Manuel Joaquim Estêvão da Rocha, pela primeira vez, como vigário geral da Diocese de Aveiro.
“A beleza da ria, dos barcos, do povo a acenar nos cais e nas margens, a beleza da natureza… Podemos dizer que é o céu na terra. Parece que todos nos damos bem. Sentimo-nos comunidade. Mas sabemos que o mundo é diferente disto. Vemos as notícias e esta paz, esta tranquilidade, esta beleza estão ausentes”, proclamou o vigário geral na homilia, convidando depois os fiéis a darem “o primeiro passo” na transformação das relações, da sociedade, do mundo, tal como o Papa Francisco convidou os colombianos, na sua recente viagem ao país, a darem “só o primeiro passo”. “E depois do primeiro?, perguntaram os jornalistas ao Papa na viagem de regresso”, conforme relatou o P.e Manuel Joaquim Rocha. “Depois do primeiro vem o segundo”, respondeu o Papa. E o vigário geral reforçou que, para vivermos bem em sociedade, é necessário que todos deem os seus próprios passos.
“Dar o primeiro passo” é também imitar a Senhora que é invocada como Nossa Senhora dos Navegantes, Senhora das Areias (S. Jacinto) ou Senhora do Ar (Base a Aérea). As três imagens encontraram-se nas margens de S. Jacinto, mas, como observou o vigário geral, “representam a mesma Senhora; as nossas necessidades é que são diferentes”.
No final da celebração, o P.e César agradeceu a todas as entidades que colaboraram na festa, com destaque para o Etnográfico, que liderou a organização, e congratulou-se por a procissão ter sido presidida pelo P.e Rocha, que foi seu colega de curso no seminário. “Ele era mais inteligente do que eu, mas eu também era um bom rapaz”, disse o P.e César, provocando o riso da assembleia.
Depois de concluída a celebração, já no interior da capela, P.e Manuel Joaquim Rocha disse ao nosso jornal ter feito a procissão, que não conhecia, com “muito agrado e alegria” e deixou uma sugestão: “No encontro com as imagens e as pessoas de S. Jacinto, seriam bom que eles [a comunidade de S. Jacinto] tivessem alguma manifestação, algum intercâmbio, além da mera presença, talvez um cântico ou uma oração”.

Jorge Pires Ferreira

Nota: Reportagem publicada no jornal Timoneiro 

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