segunda-feira, 19 de junho de 2017

Tragédias nos incêndios florestais


Todo o mundo sabe que Portugal está de luto com 62 mortos e outros tantos feridos, alguns em estado grave. Três dias de luto decretou o Governo para todos nos solidarizarmos com as famílias dos que pereceram e pelos que tudo perderam nesta tragédia, uma das mais graves no nosso país, ao nível dos incêndios florestais. Mas estes três dias de luto também hão de servir para refletirmos sobre a forma de se evitarem, dentro do possível,  estas calamidades. 
A tragédia mostrou à evidência que a natureza, quando investe com toda a sua força, não admite resistência, e não há reações humanas capazes de a suster. O homem, desta vez, disse um responsável, perdeu na luta contra a natureza. 
A nível de Igreja, área a que pertencemos, em sintonia com outras organizações, os nossos bispos já se debruçaram, em 27 de abril deste ano, sobre os cíclicos incêndios florestais no nosso país, dizendo que «a área anualmente ardida já supera a de qualquer outro país europeu, mesmo aqueles que têm condições climatéricas semelhantes à nossa. É o património florestal que se vai perdendo de uma forma igualmente sem paralelo. São os notórios custos humanos, sociais, económicos e ecológicos decorrentes desta situação».
E mais adiante, lembram que «é fundamental que todos olhemos a natureza não como uma simples fonte de utilidade e rendimento económico e por isso facilmente sujeita a explorações de tal modo desordenadas que a destroem totalmente. Até mesmo por não nos ser possível viver sem ela, há que respeitá-la e valorizá-la, na sua bondade, harmonia e equilíbrio, como um dom que recebemos e um legado que devemos esforçar-nos por transmitir às gerações futuras.»
Todos sabemos que no país não faltam técnicos a todos de todas as áreas para nos indicarem as causas e consequência de uma floresta desordenada e abandonada a sua sorte. Todos sabemos que não faltam projetos, ideias inovadoras e consciência de que é preciso, quanto mais depressa melhor, avançar com soluções que minimizem os efeitos devastadores que os fogos provocam.
Para já, nesta hora de luto, importa rezar pelos que morreram nesta tragédia de Pedrógão Grande e arredores, alargados a três distritos. Mas ainda é fundamental levar à prática a nossa solidariedade fraterna a todos os que estão a passar dias de terrível desespero. 

Fernando Martins

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