quinta-feira, 16 de março de 2017

Um poema para esta Quaresma


momento penitencial

cura-nos, Senhor, das feridas da malícia
que a vontade abriu, desgovernada

cura-nos, Senhor, das feridas da ignorância que a inteligência consentiu,
tão cega de destino e de prudência

cura-nos, Senhor, das feridas da lassidão
a que o apetite sensível nos expõe,
perdidas as rédeas da razão e da vontade

cura-nos, Senhor, das feridas das concupiscências várias
pois mal sabemos já  distinguir entre as cobiças
as que ao bem conformes, ou combatendo-o

que a hora de Jesus Cristo,
nosso irmão em nossa natureza
enxote a sombra que vestiu Adão
e nos escureceu

que a tua obra nos integre
no arco-íris da graça e da justiça,
abertas as portas ao Espírito,
o nosso corpo alagado, renascido,
para a faina dos dias
e o louvor das horas

In O Nome e a Forma, ed. Pedra Angular
Fotografia: Corbis

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